PM que registrou morte de vigia como atropelamento, vai a júri por assassinato

O júri de um dos dois policiais militares que registrou a morte de um vigia baleado na cabeça em 2015 como atropelamento começou na tarde desta quinta-feira (9) em São Paulo. Ele é julgado por assassinato e também responde preso por fraude processual.

O julgamento começou por volta das 13h desta quinta-feira (9) no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital e a previsão é a de que termine na sexta (10).

O Ministério Público (MP) acusa o soldado José Rogério de Souza de atirar acidentalmente no vigia Alex de Morais durante perseguição policial a uma moto com dois suspeitos de roubo na madrugada de 11 de outubro de 2015.

De acordo com a acusação, José atirou na direção da dupla na motocicleta, mas errou o disparo. O tiro atingiu a nuca de Alex, que havia descido do ônibus em Sapopemba, Zona Leste. Ele tinha 39 anos, voltava do trabalho e foi socorrido com vida ao Hospital Santa Marcelina, onde morreu.

Mas apesar de o vigia ter sido morto por um tiro, os soldados da Polícia Militar (PM) José e seu colega Paulo Henrique Rezende da Silva, que atenderam a ocorrência, mentiram, segundo o MP, ao registrar o caso no 69º Distrito Policial (DP), Teotônio Vilela, como morte decorrente de atropelamento.

 A versão inicial dos agentes da PM era a de que encontraram Alex caído inconsciente na Rua Edgar César após ele ter sido atropelado por uma motocicleta com duas pessoas. A delegacia então registrou a ocorrência como lesão corporal culposa, sem intenção de matar, seguida de fuga do local.

A verdade foi descoberta pelo Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica. Durante exame necroscópico do corpo do vigia, legistas encontraram projétil de bala na nuca de Alex. A partir daí constataram que ele foi morto por disparo de arma de fogo.

Ainda de acordo com o MP, José confirmou que o tiro que matou Alex saiu da sua arma, que disparou sozinha, sem a intenção dele em atirar. Uma pistola calibre 380, que não pertence oficialmente aos PMs, foi apreendida. A arma seria compatível com o projétil encontrado na nuca do vigia. Os agentes costumam usar pistola .40.

Para o Ministério Público, os PMs executaram o vigia e mentiram para tentar enganar as outras autoridades policiais do crime que cometeram.

Testemunhas contaram ter ouvido o barulho de uma moto e um tiro pouco antes da chegada dos PMs ao local. Outras disseram ter visto os agentes atirarem em direção ao vigia. As informações são do G1.

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