Advertidos pelo Irã e agora no centro das atenções, os europeus devem redobrar seus esforços para salvar o acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, tarefa que um emissário do governo francês assumiu nesta terça-feira.
Emmanuel Bonne, conselheiro diplomático do presidente francês Emmanuel Macron, era esperado em Teerã nesta terça e na quarta-feira se reunirá com o almirante Ali Shamkhani, secretário do Supremo Conselho de Segurança Nacional iraniano.
De acordo com o governo francês, Bonne tem a missão de encontrar maneiras de reduzir as tensões, que aumentaram este mês com a decisão do Irã de enriquecer urânio a níveis proibidos pelo acordo sobre seu programa nuclear de 2015.
Ameaçado desde que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em maio de 2018, o acordo, também assinado pela Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia, está à beira da morte.
No início de maio, o Irã anunciou que abandonaria progressivamente vários compromissos do acordo, para pressionar os outros países signatários a ajudar a contornar as sanções de Washington.
O Irã superou no início do mês suas reservas de urânio pouco enriquecido, acima do limite imposto pelo acordo (300 kg).
Além disso, anunciou na segunda-feira que começou a enriquecer urânio a mais de 4,5%, acima do limite fixado no acordo (3,67%), e ameaçou adotar novas medidas em “60 dias” se suas exigências não forem atendidas.
Esses níveis estão longe dos 90% necessários para a fabricação de uma bomba atômica, mas enfraquecem ainda mais o acordo.
– “Etapa crítica” –
Embora o governo de Teerã negue sua intenção de adquirir a bomba atômica, a preocupação aumentou na comunidade internacional.
“Estamos numa fase muito crítica”, declarou a presidência francesa. “Os iranianos adotam medidas que violam (o acordo), mas que são calibradas e além disso (o presidente americano) Donald Trump é um ‘dealmaker’ (negociador)”.
“Os iranianos exageram, mas não muito, e Trump coloca pressão máxima, mas exercerá esta política até onde puder negociar”, acrescenta a mesma fonte.
Trump reitera sua intenção de forçar o Irã a negociar um “acordo melhor”.
Para permanecer no acordo, o Irã exige que o restante dos países signatários, especialmente os europeus, tomem medidas efetivas para ajudar a superar o embargo americano.
Mas Washington mantém a pressão. A seu pedido, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) realizará uma reunião extraordinária em 10 de julho para discutir as recentes decisões do Irã.
Com exceção da China, os signatários do acordo de Viena pediram que o Irã recuasse.
E um comunicado conjunto, os ministros das Relações Exteriores da França, Grã-Bretanha e Alemanha, assim como da União Europeia (UE), pediram nesta terça-feira que Teerã “reverta” as suas atividades e “volte ao pleno cumprimento” do acordo.
Na segunda-feira, o Irã alertou os europeus de que uma reação “inesperada” só aceleraria o processo de liberação de seus compromissos. As informações são do jornal Isto É.
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